Olá meus caros alunos(as) e leitores(as), eu me chamo Paulo Furtado, sou Delegado de Polícia em Pernambuco há mais de 16 (dezesseis) anos e estou aqui para contar um pouquinho da minha trajetória e tentar contribuir um pouco com os seus objetivos de vida, relatando de forma singela a minha trajetória de vida até ser aprovado no concurso dos meus sonhos.
Bom, gostaria de destacar que desde quando cursava o 1º ano do colegial, hoje chamado ensino médio, já desejava ser Delegado de Polícia, porém me deparei com o primeiro obstáculo, que foi me familiarizar muito com as matérias relacionadas às ciências exatas e biológicas, enquanto sentia muitas dificuldades nas matérias atreladas às ciências humanas. Confesso que cheguei a pensar em fazer vestibular para o curso de medicina, mas o meu verdadeiro sonho nunca deixou de existir, ser Delegado de Polícia, servir à sociedade, contribuir com a segurança pública e consequente paz social.
Ao ingressar na faculdade, o meu desejo só aumentou, principalmente quando cursei a matéria de direito penal I, com a qual me identifiquei de imediato. Em sala de aula, costumava sempre externar às pessoas que me rodeavam o desejo de ser aprovado no concurso para Delegado de Polícia, o que fez com que alguns colegas dissessem que o concurso que eu havia escolhido e que tanto almejava era muito difícil e que eu não tinha capacidade intelectual para ser aprovado, já que não colecionava excelentes notas em várias matérias acadêmicas. Admito que os comentários proferidos pelos colegas chegaram a afetar a minha estima, ocasião em que cheguei a pensar se realmente seria aprovado um dia ou se isso era algo intangível para mim.
Ninguém tinha conhecimento, mas eu sofria de um forte déficit de atenção, fato que atingia veementemente o meu desempenho nos estudos acadêmicos, em vista da grande dificuldade de estudar e de prestar atenção nas aulas ministradas pelos professores, mesmo nas matérias de grande interesse. Surgia um dos meus maiores desafios, que era enfrentar a enorme concorrência de um difícil concurso público, tendo uma grande desvantagem de não conseguir estudar por um longo período de tempo. Na realidade, eu não conseguia ficar nem meia hora lendo um livro, no entanto, na época não me preocupava muito, pois ainda tinha algum tempo até me formar, e, também, intimamente eu sabia que iria conseguir alcançar meus objetivos.
As cobranças internas começaram quando ingressei no 10º período da faculdade, pois estava na iminência de sair o edital do concurso de Delegado de Polícia de Pernambuco e eu tinha pouco tempo para estudar, levando em consideração todas as dificuldades de concentração, além das peculiaridades inerentes ao último período do curso.
Sozinho e sem nenhuma orientação profissional, preparei meu cronograma de estudos, com horários de segunda à sexta, onde eu deveria estudar de uma a duas matérias por dia, repetindo-as semanalmente para não perder o contato com o conteúdo. Tal programa teve duração de cinco meses, que era a previsão para a realização das provas do certame público que sempre sonhei ser aprovado.
O meu horário de estudo se concentrava durante a tarde e a noite, com leituras de no máximo uma hora e descansos de meia hora, para ter qualidade de assimilação do conteúdo, totalizando diariamente uma média de cinco horas de estudo, não esquecendo ainda, de resolver diversas provas de concursos anteriores, o que foi essencial para meu bom desempenho no certame.
Algumas pessoas que eu tinha contato, as quais já estudavam há cerca de quatro anos e em média oito horas diárias, me falavam categoricamente que seria impossível eu ser aprovado no concurso de Delegado de Polícia ainda cursando o 10º período e estudando apenas cinco horas por dia, durante cinco meses.
Bom, eu tinha conhecimento da grande dificuldade que iria enfrentar durante esses cinco meses, que voaram, mas sabia também que estava dando o meu máximo nos estudos, dentro das minhas limitações aqui já expostas, pois não era fácil conviver com o déficit de atenção e com a obrigação de estudar, que para mim era um martírio.
Com muito esforço procurei tirar proveito das adversidades, ou seja, fazer com que elas colaborassem com a minha aprovação, pois sabia que apesar de não consegui me concentrar nos estudos, eu tinha a necessidade de ler apenas uma vez para aprender e memorizar o assunto, posto a grande facilidade em absorver qualquer conteúdo que leio. Isso me alimentava de esperanças e me dava a certeza que o resultado iria chegar um dia, mesmo que não fosse naquele curto espaço de tempo.
Finalmente foi publicado o edital do concurso por mim tão desejado, momento em que me esforcei ainda mais para tentar intensificar os estudos, focando muito em resoluções de questões, que ocupava mais da metade do meu tempo de estudo. Iniciei também, nesta fase, o treinamento físico, que além de contribuir para a melhoria da minha concentração, seria uma das etapas do certame.
Quando saiu a relação de candidatos inscritos tomei um susto, pois eram cerca de 12.000 (doze mil) pessoas para apenas 50 (cinquenta) vagas, o que me deixou muito angustiado e me fez resgatar vários sentimentos e lembranças, inclusive das pessoas que diziam que minha aprovação seria impossível, pois meus concorrentes eram bem mais preparados do que eu, que naquela ocasião ainda estava concluindo o curso de Direito e tinha pouquíssimo tempo de preparo, me fazendo, por vezes, concordar com tais comentários e pensar até mesmo em desistir.
Ergui a cabeça e enfrentei o pior dos desafios, ou seja a confiança em mim mesmo, dizendo internamente: “EU VOU PASSAR, SEJA NESSE OU EM OUTRO, MAS EU VOU PASSAR!”. A partir desse momento nada mais me afetou, nem o comentário de um colega com notas exemplares na grade acadêmica, que minutos antes da prova objetiva me encontrou no corredor do local de prova e me perguntou o que eu estava fazendo ali, tendo em seguida dito: “VOCÊ NÃO PASSARÁ, TENHO CERTEZA! EU, QUE ERA O MELHOR DA SALA, TENHO POUCAS CHANCES, IMAGINA VOCÊ!”.
Pois é, felizmente o resultado do meu esforço chegou muito antes do que eu esperava, fui aprovado de primeira no concurso que desde criança sonhava. Não foi fácil, foram muitos sacrifícios, abdicações, angústias, incertezas, mas o segredo foi o conjunto de atitudes que tomei, foi acreditar no meu sonho e vivê-lo intensamente.
Sem dúvidas, foi essencial a utilização do método de estudo que adotei, adaptado a minha realidade e dificuldades pessoais, focando em aprender o máximo no mínimo espaço de tempo, além de sempre ter carregado comigo a humildade e de ter tido calma no momento da realização das provas, de modo a não jogar o peso da obrigação de passar nas minhas costas.
Uma das melhores sensações que tive na vida foi ver o meu nome na lista final de aprovados do concurso dos meus sonhos, fato que me faz, até hoje, ser muito grato a Deus e as pessoas que me apoiaram, pois só eu sei o que passei para chegar até aqui e ter a oportunidade de traçar um singelo relato da minha experiência de vida.
Quero dizer a você que não há segredo nem fórmula exata para a aprovação, basta acreditar em si próprio, buscar os seus sonhos, estudar, vencer os obstáculos, que são muitos, ignorar as pessoas que desejam a sua derrota e usar os percalços encontrados no caminho como ensinamentos e fortalecimento para sua jornada.
Lembre-se que cada um sabe das suas dificuldades, cada um tem suas peculiaridades, não queira ser igual aos outros, não pense que quem estuda duas vezes mais do que você está na sua frente, acredite em si próprio e dê o seu máximo dentro das suas condições e limitações.
Finalizando, peço que nunca deixe de acreditar nos seus sonhos, mantenha a coragem e corra o risco de vivê-los, pois o seu dia, se ainda não chegou, certamente irá chegar.
Sucesso para todos!
Paulo Furtado.
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